Explosões de walkie-talkies do Hezbollah deixam 20 mortos um dia depois de ataque com pagers
- Jason Lagos
- 19 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Um dia depois do inédito ataque com pagers-bomba de membros do Hezbollah, o Líbano registrou nesta quarta (18) mais explosões em diversas cidades, focadas em walkie-talkies usados pelo grupo. Ao menos 20 pessoas morreram e 450 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde local.
Sem assumir a responsabilidade que até aliados lhe atribuem, Israel afirmou que uma nova fase da guerra iniciada após o ataque de 7 de outubro de 2023 do Hamas, aliado do Hezbollah, está à vista.
O ataque de terça (17) havia deixado ao menos 12 mortos e 2.800 feridos, 300 deles em estado grave. Ele disparou novamente o alarme de um conflito mais amplo na região —o Conselho de Segurança da ONU discutirá o tema nesta sexta (20).
Os episódios foram atribuídos pelo Hezbollah, que como os palestinos do Hamas é bancado pelo Irã, a Israel. O governo libanês fez a mesma acusação, que não foi nem confirmada, nem desmentida por Tel Aviv.
A ação tem o DNA dos serviços de segurança de Israel, que ao longo de décadas aperfeiçoaram métodos para atingir seus adversários de forma focada. Foi assim com um dos arquitetos do ataque terrorista palestino contra a delegação israelense nas Olimpíadas de Munique (1972), assim como o principal construtor de bombas do Hamas, em 1976.
O escopo do ataque de terça foi inédito. Segundo as informações iniciais, foram plantados explosivos em cerca de 3.000 pagers comprados cinco meses atrás pelo Hezbollah de uma fabricante taiwanesa. Ela e o governo dos EUA, aliado de Israel, negaram participação no episódio.
Os aparelhos obsoletos eram usados para a liderança enviar ordens de ataque a Israel a seus militantes no sul do país sem permitir que sua posição fosse revelada a drones ou artilharia de precisão.
Os lançadores vinham sendo atingidos antes de disparar porque Tel Aviv triangulava sua posição quando os integrantes do Hezbollah se comunicavam por smartphones, que são equipados com dispositivos de localização por satélites GPS inexistente nos antigos pagers.
Os walkie-talkies, rádios de comunicação que também não empregam localizadores, foram comprados segundo informações de agências de segurança do Líbano na mesma época dos pagers. Um desses órgãos disse à Reuters de forma anônima que os explosivos foram implantados em algum estágio da produção, o que a fabricante nega.
Embora não sejam amplamente usados por combatentes do grupo como os pagers, os walkie-talkies são distribuídos entre membros da organização que organizam multidões, como passeatas e funerais. Uma das explosões, inclusive, foi ouvida durante um funeral de membros do Hezbollah mortos no primeiro ataque, no subúrbio de Beirute.
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