Chanceler brasileiro chega aos EUA, mas sem sinal de que será recebido pela gestão Trump para discutir tarifas
- Jason Lagos
- 28 de jul.
- 3 min de leitura

Após sinais negativos enviados por Washington, integrantes do governo brasileiro afirmam que vão passar a semana insistindo em contatos com o governo Donald Trump para um acordo que evite as sobretaxas de 50% ao Brasil.
Os auxiliares do presidente Lula (PT) ressaltam, porém, que não haverá concessão na parte política ligada ao tarifaço, que inclui a questão jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou qualquer outra decisão do Judiciário.
O chanceler Mauro Vieira (foto) está em Nova York nesta semana para uma conferência da ONU que discutirá uma solução de dois Estados no conflito Israel-Hamas, mas sem previsão por enquanto de viajar à capital americana.
Interlocutores de Vieira dizem que o chanceler e a Embaixada em Washington mandaram recados a autoridades americanas sobre a disposição de dialogar. Avisaram que ele estará nos EUA e está disposto a ir à capital desde que possa conversar com algum interlocutor autorizado por Trump a tratar de tarifas.
Até este domingo (27), não houve sinalizações positivas para um encontro e, sem perspectiva de agenda, o ministro não deve viajar a Washington. A participação de Vieira na conferência na ONU está programada para terminar na terça (29).
O presidente americano afirmou neste domingo (27) que o prazo de 1º de agosto não será adiado. A Casa Branca prepara um decreto para justificar as tarifas ao Brasil. Integrantes do governo brasileiro torcem para que no dia 1º de agosto Trump lance um calendário de implementação das tarifas, em vez de aplicá-las literalmente no dia.
Em outra frente, uma comitiva de senadores brasileiros está na capital americana nesta semana para tentar sensibilizar autoridades americanas a negociar as tarifas. A agenda do grupo, porém, não inclui ninguém do Executivo dos EUA.
Nesta segunda (28), os parlamentares vão a encontro na Embaixada do Brasil e, à tarde, se reúnem com líderes empresariais na Câmara de Comércio dos EUA. Na terça (29), haverá encontros com senadores americanos, tanto republicanos como democratas. Na quarta (30), último dia da missão, a comitiva brasileira reúne-se com líderes do setor privado americano no Conselho das Américas.
A comitiva de senadores, presidida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), é formada por oito senadores, sendo dois ex-ministros de Jair Bolsonaro: Tereza Cristina (Agricultura) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
O grupo ainda tem o líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Carlos Viana (Podemos-MG), Rogério Carvalho (PT-SE), Esperidião Amin (PP-SC), e Fernando Farias (MDB-AL).
Mesmo com a participação de ex-ministros de Bolsonaro, a iniciativa irritou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vem atuando desde o início do ano por sanções do governo americano contra o ministro Alexandre de Moraes. A atuação de Eduardo foi importante para o tarifaço anunciado por Trump.
A quatro dias do fim do prazo estipulado pelo governo dos Estados Unidos para que os demais países entrem em um acordo com Washington a respeito das tarifas comerciais impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump, o Brasil vai ficando no fim da fila e com chances cada vez menores de escapar do chamado “tarifaço”.
Neste domingo (27), após uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Edimburgo (Escócia), Trump confirmou que EUA e União Europeia (UE) chegaram a um acordo sobre as tarifas.
Também neste domingo, em entrevista à Fox News, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que a nova rodada do tarifaço de Trump entrará mesmo em vigor na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, sem possibilidade de prorrogação do prazo determinado pela Casa Branca.
Créditos: Folha de São Paulo e Metrópoles
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