Raquel Lyra tira cargos do PL e abre caminho para tentar aliança com Lula
- Jason Lagos
- 2 de mai. de 2024
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A governadora Raquel Lyra (PSDB) exonerou, nesta terça-feira (30), cargos indicados por integrantes do PL no Governo de Pernambuco. A ação acontece em meio a turbulências na relação dela com o partido na Assembleia Legislativa e pode abrir caminho para uma aliança futura da gestora com o PT, partido do presidente Lula.
A saída do PL do governo foi articulada por Raquel após insatisfações com a conduta de deputados estaduais da legenda. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha indicação no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e no ProRural (Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural) de Pernambuco.
O PP, comandado pelo deputado federal Eduardo da Fonte no estado, deve ocupar a vaga no Detran. O partido tem sido o mais fiel à governadora nas votações de projetos na Assembleia, enquanto o PL tem três dos seus cinco deputados na oposição e apenas um parlamentar da bancada aliado a Raquel Lyra.
A movimentação também abre caminho para um convite futuro para ingresso do PT no governo, visando a uma aliança para as eleições de 2026. A expectativa é que conversas com os petistas aconteçam somente depois das eleições municipais.
A saída do PL do governo tem como motivação a ausência de votos pró-Raquel Lyra na bancada do partido na Assembleia Legislativa. As críticas do partido de Bolsonaro à governadora são sobretudo em temas da segurança pública, área espinhosa para a atual gestão.
Em Pernambuco, o PL é presidido pelo ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes Anderson Ferreira, aliado do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. O partido conta com outra ala, mais ligada a Bolsonaro, comandada pelo ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto, pré-candidato a prefeito do Recife.
Nos bastidores, Anderson e Gilson travam uma disputa por protagonismo no PL. Pragmático, Anderson foi quem bancou a aliança com Raquel Lyra no início do governo dela, em 2023, enquanto a ala mais ideológica do partido tem feito críticas à governadora.
Atualmente, o governo busca vitória na Assembleia em um projeto que propõe a extinção gradual das faixas salariais da Polícia Militar até 2026. Mas o PL e outros partidos de oposição, como o PSB, querem antecipar o fim das faixas salariais para 2025 ou até mesmo antes, indo de encontro ao governo, que alega não ter condições orçamentárias para fazer essa movimentação.
Já nas eleições do Recife, a divergência está consolidada, com o PL tendo a candidatura de Gilson Machado, enquanto Raquel apoiará o ex-deputado e secretário estadual de Turismo Daniel Coelho (PSD).
Para 2026, Raquel Lyra cogita mudar de partido. PSD e MDB são os mais cotados para uma eventual migração. A perda de fôlego do PSDB e a possibilidade de disputar a reeleição em um partido com mais musculatura política e de fundo partidário são os componentes da equação.
No entorno da governadora, não está descartado um eventual apoio a Lula em 2026. Membros do PT já afirmaram publicamente que, com o PL no governo, seria impossível uma eventual composição com a governadora.
Agora, o movimento abre flanco para nova avaliação. O entorno do senador Humberto Costa não descarta uma candidatura à reeleição na chapa de Raquel. O Palácio do Campo das Princesas também vê chances da aliança.
O assunto, porém, não é pacificado dentro do PT. O secretário de Meio Ambiente do Recife, Oscar Barreto, integrante da gestão João Campos, diz que o futuro do partido no estado tem que ser ao lado do atual prefeito. O PT se posicionou como oposição a Raquel, mas os três deputados estaduais do partido têm votado frequentemente alinhados ao governo do estado, incluindo o ex-prefeito do Recife João Paulo.
Uma possível candidatura própria dele tem sido estimulada nos bastidores pelo Palácio do Campo das Princesas, para atrapalhar João Campos e forçar um segundo turno, mas a ideia não avançou até agora.
Créditos: UOL




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