‘Querem me tirar para aderir ao governo Lula’, diz Roberto Freire, presidente do Cidadania
- Jason Lagos
- 20 de ago. de 2023
- 2 min de leitura

Entre xingamentos e gritaria, uma reunião on-line da Executiva Nacional do Cidadania (ex-Partido Popular Socialista, PPS) terminou neste sábado, 19, com a vitória de um grupo de 13 dirigentes que tentam trocar o comando da sigla pela primeira vez desde 1992. O posto é ocupado desde então pelo ex-deputado federal Roberto Freire.
A mudança pode ocorrer se for cumprida resolução aprovada neste sábado, por 13 votos a 10, para que o Diretório Nacional da sigla decida no dia 9 de setembro sobre a eleição de uma nova Executiva Nacional. Freire não pode se reeleger por uma mudança recente no estatuto.
Os embates entre o presidente e os dirigentes ocorrem entre disputas pelos rumos do partido. O Diretório Nacional do Cidadania aprovou neste ano o apoio ao governo Lula, mas a bancada de cinco deputados federais anunciou independência desde então.
Em meio a isso, caciques reclamam da federação com o PSDB, que permitiu ao Cidadania manter tempo de televisão e fundo partidário mas é citada como motivo para a desfiliação de três senadores desde março do ano passado.
Freire reclamou na reunião que a eleição antecipada de uma nova Executiva seria uma tentativa de expulsá-lo da sigla. À Coluna do Estadão, ele falou que querem retirá-lo para “aderir ao governo Lula”.
“O que pretendem é me expulsar do partido. Querem me tirar, porque querem aderir ao governo Lula. Não vou reconhecer essa reunião do dia 9 de setembro como legítima”, afirmou Freire em entrevista à Coluna do Estadão.
O secretário-geral do Cidadania, Regis Cavalcante, diz que o partido está paralisado pelas atitudes de Freire.
“O partido está praticamente paralisado, porque as decisões da Executiva e do Diretório Nacional não são colocadas em prática, principalmente por conta das dificuldades com o presidente. Não queremos expulsá-lo, mas o partido deixou de ter vida coletiva”, afirmou Cavalcante à Coluna do Estadão.
O Cidadania é um braço do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922, sob influência da Revolução Russa e da Internacional Comunista. Conhecido como “partidão” na esquerda, abrigou várias correntes de comunistas ao longo de sua história. Em 1989, na primeira eleição direta para presidente pós-ditadura militar, teve Roberto Freire como candidato e 1,14% dos votos nas urnas.
Em 1992, uma ala do partidão criou o PPS (Partido Popular Socialista). Em 2019, o PPS virou o atual Cidadania. O antigo PCB segue existindo com apoio de antigos militantes e tem site na internet, mas menos destaque do que o grupo hoje no Cidadania e que protagonizou o racha no último fim de semana.
Depois das brigas que marcaram a reunião de sábado (19), o Diretório do partido decidiu realizar um congresso para eleger novos líderes do Cidadania. Por mudança no estatuto do partido, Roberto Freire não pode se reeleger.
“Defendo minha saída, não posso ser mais presidente. Eu apoio novas eleições. O congresso muda o que quiser ou mantém o que desejar. É mais democrático. Não é disputa de cargo, mas que encontremos uma saída para superar a crise e não fazer o apoio incondicional ao governo”, disse Freire.
“Defendo que o partido apoie o governo no que atender ao programa do partido e do país. No que não é, que seja oposição”, declarou ainda o presidente do Cidadania.
Créditos: Estadão e Poder360




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