Possibilidade de palanque duplo para Lula em 2026 faz aliados de João Campos reagirem
- Jason Lagos
- 8 de jun.
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A declaração do presidente Lula no Congresso Nacional do PSB, no domingo (1), admitindo a possibilidade de subir em dois palanques no próximo ano em Pernambuco, criou mal-estar entre os socialistas do Estado.
Diante de um João Campos mais sério do que o habitual, Lula afirmou que na eleição de 2026 os partidos que o apoiarem devem ter em mente a possibilidade de trabalhar com dois palanques em alguns Estados e citou a eleição pernambucana de 2006, na qual ele teve o apoio dos candidatos a governador pelo PT, Humberto Costa, e pelo PSB, Eduardo Campos.
Na época, os dois candidatos faziam campanhas separadas mas nas vezes em que Lula veio ao Estado subiram juntos com ele no mesmo palanque, uma prévia do que aconteceria no segundo turno em que Eduardo, o vencedor, foi apoiado por Humberto e pelo PT e acabou derrotando o candidato Mendonça Filho, apoiado pelo governador Jarbas Vasconcelos, do qual foi vice.
Além do semblante fechado de João Campos, ao ouvir as palavras de Lula, o PSB acusou o golpe e cuidou, nas palavras do presidente estadual Sileno Guedes, a tirar por menos afirmando que, na verdade, Lula estava se referindo ao bom relacionamento entre os dois partidos, e não a uma possibilidade de dois palanques para 2026.
Outro líder estadual do partido, o deputado Waldemar Borges, foi mais explícito: “ não há possibilidade de João e Raquel subirem no mesmo palanque como fizeram Eduardo Campos e Humberto Costa em 2006. A realidade é outra e não existe, ao contrário do que acontecia lá atrás entre PT e PSB, nenhuma afinidade entre o PSB e o PSD da governadora”.
Passados alguns dias da declaração de Lula, que foi comemorada intramuros no entorno da governadora Raquel Lyra, a própria banda do PT que está declaradamente apoiando o prefeito João Campos já passa a manifestar dúvida sobre o que pode vir a acontecer.
O atual presidente do PT/Recife, Cirilo Mota declarou esta quinta-feira que não acredita que o partido reveja a posição de ser oposição à governadora mas adiantou: “se é possível, ninguém teve coragem de colocar”.
Hoje o PT está dividido ao meio no Estado, e uma banda expressiva do partido já está apoiando a governadora, como é o caso da bancada do partido na Assembleia, que faz parte da base governista com três deputados, de ex-prefeitos e dos atuais prefeitos petistas que caminham no mesmo sentido.
Na quinta-feira (5), o prefeito petista de Tabira, Flávio Marques, não só declarou apoio à reeleição de Raquel como disse que vai trabalhar dentro do partido para que ele adote o mesmo caminho. Mais dois prefeitos petistas estariam a caminho do Palácio. O PSD atingiu, nesta semana, a marca de 66 prefeitos em Pernambuco.
Além disso, não é segredo para ninguém que o senador Humberto Costa não morre de amores pelo PSB e não seria obstáculo a um entendimento mais firme com a governadora.
Hoje no PT de Pernambuco o comprometimento com o prefeito João Campos é sentido, de forma mais nítida, na direção do Recife e no grupo mais ligado à senadora Teresa Leitão. Humberto sequer quis participar da partilha de cargos na Prefeitura do Recife embora, como presidente nacional interino do PT, tenha comparecido ao Congresso nacional do PSB que consagrou João Campos como presidente da legenda.
Em 2024 Lula fez um apelo claro a João Campos para assegurar a vice do Recife ao PT mas não foi ouvido. O chefão petista não quis criar problema na época, porém no próximo ano não permitirá que isso aconteça, sobretudo porque encara a eleição para o Senado como mais importante do que a de governador. Até agora, João Campos não assegurou a Humberto Costa uma vaga em sua chapa para o Senado.
Pela forma como trata Humberto - e é tratada por ele - não há dúvida nos meios políticos estaduais que a governadora não teria problema em assegurar uma vaga para o senador do PT sem sua chapa.
A cientista política Priscila Lapa acha que os dois palanques para Lula em Pernambuco “são não só possíveis como plausíveis”.
Segundo ela, “Não se pode negar que existe um alinhamento forte entre Lula e João Campos mas isso não é impedimento para que o presidente também se entenda com Raquel na disputa do próximo ano. Se isso acontecer, não faz sentido João Campos romper com Lula. O mais provável é que ele aceite, pois romper não é o melhor caminho. Já para ela é conveniente a aliança com Lula, partindo do discurso administrativo que será, perfeitamente, entendido pela população”.
Créditos: Blog Dellas
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