Paróquia de Serrita e Prefeitura de Serrita excluem Fundação João Câncio da Missa do Vaqueiro

A maior surpresa da edição 2023 da Missa do Vaqueiro não foi nenhuma grande atração musical, como Gustavo Lina, nem a presença da governadora Raquel Lyra e sua vice, Priscila Krause (foto), mas a ausência dos familiares do fundador do evento na organização da festa.

Segundo a Fundação João Câncio, a instituição foi praticamente deixada de fora após a assinatura de um convênio entre a paróquia e a Prefeitura de Serrita, cidade do sertão pernambucano onde acontece a missa, a 535 km do Recife.

De acordo com a Fundação, que ao lado da igreja católica participou ativamente da parte religiosa por mais de 20 anos, a relação começou a azedar em 2022, e este ano, após um acordo firmado entre o executivo municipal e a paróquia, a família do idealizador, Padre João Câncio, foi excluída de qualquer decisão relativa ao evento, já que a somente a gestão municipal, a paróquia e a diocese respondem oficialmente pela gestão da festa.

No sábado (22), a Fundação recebeu da diocese o roteiro da missa, na qual a participação de músicos, artistas populares e até os vaqueiros – razão da existência do evento – foi reduzida. Acontece que a Fundação já havia contratado artistas populares locais que tradicionalmente participam da missa.

Os artistas que já haviam firmado contrato com a Fundação foram: Coral Aboios, Flávio Leandro, João Cláudio Moreno, Sarah Leandro, os repentistas Geraldo Amâncio e Guilherme Nobre, e os aboiadores Chico Justino, Cícero Mendes, Fernando Aboiador, Pedro Brígido e Ronaldo Aboiador.

Nos últimos anos, o empresário Antônio Souza tem sido o maior patrocinador da tradicional Missa do Vaqueiro em Serrita. No sábado (22), ele divulgou uma nota manifestando indignação pelo fato da Fundação João Câncio ter sido alijada do evento este ano, por mera perseguição da Prefeitura Municipal.

“Mobilizados pela Fundação João Câncio, os músicos que retratam a cultura popular na Missa são patrocinados por nós. Estou indignado com essa postura da prefeitura, mas, desde já, garanto que nenhum deles, mesmo não estando na Missa, vai deixar de receber seu cachê”, disse Souza.

A Missa do Vaqueiro homenageia Raimundo Jacó, que morreu em 1954 quando arrebanhava o gado na caatinga. Seus feitos foram imortalizados na voz de Luiz Gonzaga, que era seu primo.

Gonzagão e o poeta Pedro Bandeira foram os grandes incentivadores do Padre João Câncio, para que o mesmo realizasse a primeira missa em homenagem a Jacó, no local onde foi encontrado o corpo do vaqueiro.