Ofensiva pró-Bolsonaro de Donald Trump se baseia em acusação de censura e aliança Lula-Moraes
- Jason Lagos
- 9 de jul.
- 3 min de leitura

O governo Donald Trump e expoentes do movimento ultraconservador americano se fiam no discurso de uso político do STF (Supremo Tribunal Federal) para defender o ex-presidente Jair Bolsonaro e a aplicação de sanções ao ministro Alexandre de Moraes.
Um integrante sênior da gestão Trump, como são chamados assessores influentes do presidente dos Estados Unidos, resumiu a visão que permeia o governo nos seguintes termos: o ex-presidente Bolsonaro e seus apoiadores estão sob ataque de um sistema judiciário “instrumentalizado”.
Para esse auxiliar do republicano, as decisões de Moraes atingem a liberdade de expressão e, mais do que isso, subvertem a democracia para sustentar um governo que julga impopular, o do presidente Lula (PT).
Steve Bannon, líder do movimento Maga, acrônimo para Make America Great Again (Faça a América Grande Novamente), slogan de Trump, e ex-estrategista do republicano, é ainda mais enfático e chama Moraes de “um dos maiores criminosos do mundo”.
“Envergonhou o Brasil no cenário mundial ao perseguir um dos grandes líderes do mundo, o ex-presidente Bolsonaro, em um tribunal claramente forjado. É ridículo”, afirmou Bannon.
Para ele e outras pessoas que acompanham a situação, punições a Moraes são uma questão de pouco tempo se o STF não recuar, o que não deve ocorrer. Jair Bolsonaro é réu no STF, e a perspectiva é de que o caso esteja pronto para julgamento em agosto.
A leitura do expoente da direita e de integrantes do governo Trump foram sintetizadas na postagem feita pelo presidente na segunda-feira (7) na sua rede social Truth Social na qual defendeu Bolsonaro. As falas indicam que as ações de bolsonaristas nos EUA tem surtido efeito junto ao governo americano.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se licenciou do mandato em março para morar nos EUA, tem reforçado a autoridades americanas o discurso de que o magistrado do STF é responsável por censurar residentes e empresas no país e, com isso, comete violações aos direitos humanos. O mesmo discurso foi usado pelo ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo em audiência no Congresso americano no mês passado.
Bannon já conhecia a família Bolsonaro e foi um dos primeiros a defender sanções contra Moraes, ainda em janeiro, após decisão do STF que proibiu o ex-presidente de ir à posse de Trump.
Steve Bannon avalia que os Estados Unidos não ficarão inertes se a prisão de Bolsonaro acontecer. “Eu não contrariaria o presidente Trump, particularmente quando se trata de algo como isso em lawfare [perseguição judicial]. Não acabou muito bem para o aiatolá [em referência ao líder do Irã, país que foi alvo de bombardeios dos EUA]”, diz, sem as detalhar ações que Donald Trump poderia tomar.
Em despacho tornado público nesta quarta-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro continua adotando medidas para “interferir e embaraçar” o andamento da ação penal na qual o pai do parlamentar, o ex-presidente Jair Bolsonaro, é réu.
Segundo Moraes, uma postagem no perfil de Eduardo no X, feita em 29 de junho, durante a manifestação do ex-presidente na Avenida Paulista, em São Paulo, evidencia a tentativa do parlamentar de influenciar o processo do pai, que responde por cinco crimes — entre eles, o de tentativa de golpe de Estado.
Na publicação, Eduardo divulgou um vídeo do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), falando em inglês e criticando as investigações, com um recado “para todos lá fora que estão nos escutando”. Para Moraes, o investigado “permanece praticando condutas com o objetivo de interferir e embaraçar o regular andamento da AP 2.668/DF, que já se encontra em fase de apresentação de alegações finais pelas partes”.
O ministro determinou que o vídeo seja incluído no inquérito que investiga Eduardo Bolsonaro por crimes de coação, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Moraes também solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso.
Moraes prorrogou por mais 60 dias a investigação da Polícia Federal (PF) contra o deputado Eduardo Bolsonaro. A decisão, publicada na segunda-feira (7/7), é justificada pela necessidade “de prosseguimento das investigações, com a realização de diligências ainda pendentes”.
Créditos: Folha SP e Metrópoles
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