Memória de Eduardo Campos é reverenciada em ato do PSB nacional
- Jason Lagos
- 12 de ago. de 2024
- 3 min de leitura

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) promoveu, no sábado (10), no Recife, a abertura do Ano Eduardo Campos. O evento, realizado no dia de aniversário do ex-governador, marcou o pontapé inicial da celebração de seus 60 anos, a serem completados em 2025. Na ocasião, foi realizada uma reunião extraordinária das Comissões Executivas Nacional e Estadual do PSB.
O trágico acidente aéreo de 13 de agosto de 2014 que matou o ex-governador pernambucano e outras seis pessoas em Santos, no litoral paulista, deixou marcas para além dos familiares e amigos das vítimas. Na política, os efeitos apareceram posteriormente em Pernambuco e no partido de Eduardo, o PSB.
Conhecido por formar alianças com políticos que eram adversários outrora, Eduardo Campos era o líder de um grupo político que comandava o poder em Pernambuco à época. Ele exercia um papel central nas articulações e em tomadas de decisão no PSB, em âmbito nacional e na política de Pernambuco.
Em 2014, conseguiu um feito raro em Pernambuco: tinha todos os ex-governadores até então vivos aliados ao PSB. No plano nacional, queria alçar voos maiores, na tentativa de chegar à Presidência da República.
O núcleo de poder ligado ao PSB fragmentou-se ano a ano, ao ponto de, em 2022, os cinco principais candidatos ao governo estadual terem tido ligações outrora com Eduardo Campos.
A atual governadora Raquel Lyra, por exemplo, deixou o PSB em 2016 por não ter o aval do partido para disputar as eleições para a Prefeitura de Caruaru, no interior do estado.
A partir de 2016 a sigla rachou em votações no Congresso e teve processos de desfiliação e punições por votações de deputados que tinham entrado no partido em 2014, por posicionamentos em projetos no Congresso Nacional diferentes do que foi pregado pela direção partidária.
Mesmo com os rachas, o PSB saiu das urnas em 2018 com 32 deputados federais eleitos, na última eleição para a Câmara dos Deputados com coligações nas disputas proporcionais.
Em 2022, tendo que alçar voo solo, o PSB caiu para apenas 14 deputados, mesma quantidade da federação PSOL/Rede, formada por partidos mais novos na esquerda.
No cenário nacional, o PSB faz parte da base aliada do governo Lula (PT). A ligação do partido com Lula é de longa data e retoma os tempos do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.
Os dois partidos estiveram juntos, no primeiro ou no segundo turno, em quase todas as disputas desde a redemocratização, exceto em 2014 e 2018, quando o PSB declarou neutralidade.
Em Pernambuco, o principal herdeiro político de Eduardo é o prefeito João Campos. Segundo ele, o pai o estimulava a entrar na política, mas, por vontade de João e da mãe, a opção inicial foi por concluir a graduação em engenharia antes de decidir sobre a possibilidade.
Aliados acreditam que o sonho de João é ser presidente da República e realizar o feito que o pai não conseguiu. Questionado, o prefeito diz: "Ele vai me servir sempre como inspiração, mas nunca me vejo na posição de querer ser mais do que ele, ou ser o que ele não foi".
João Campos conseguiu ser prefeito do Recife, algo que Eduardo não conseguiu em 1992, quando perdeu a disputa municipal. Para 2026, o prefeito é tido como potencial candidato a governador, se for reeleito neste ano, e pode reproduzir, 20 anos depois, a dobradinha entre um Campos e Lula numa campanha eleitoral no estado natal do petista.
Créditos: JC Online e Folha de São Paulo
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