Homem preso pelo 8 de janeiro morre na Papuda aos 46 anos e causa comoção no país
- Jason Lagos
- 21 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de nov. de 2023

O vendedor Cleriston Pereira da Cunha, preso em Brasília pelos atos de 8 de janeiro, morreu na manhã desta segunda-feira (20), no presídio da Papuda. Ele tinha 46 anos e deixa companheira e duas filhas. Era residente do Distrito Federal.
Cleriston da Cunha era réu no STF acusado de invadir o Senado. Ele ainda não tinha sido julgado. Na Corte, respondia pelos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
A defesa de Cleriston da Cunha havia pedido ao STF em agosto a liberdade provisória dele. O advogado Bruno Azevedo De Sousa, que assinou o pedido, disse no documento que o preso “possui a sua saúde debilitada em razão da Covid-19, que lhe deixou sequelas gravíssimas, especificamente quanto ao sistema cardíaco”.
A Procuradoria-geral da República (PGR) se manifestou em 1º de setembro de forma favorável ao pedido de liberdade provisória do preso, com a adoção de medidas como uso de tornozeleira eletrônica. Não houve decisão de Moraes sobre o pedido.
Um laudo médico do vendedor mostra que ele tinha comorbidades que poderiam levá-lo a óbito.
Conforme o documento datado de fevereiro, mas que consta como protocolado à ação de Cunha no Supremo Tribunal Federal em maio deste ano, Clezão tinha vasculite de múltiplos vasos e miosite secundária à covid-19.
De acordo com o laudo, Cunha chegou a ficar internado, por mais de 30 dias, em virtude do novo coronavírus, “fazendo uso de medicação diária, de 12 em 12 horas, pois corre risco de morte, em caso de não utilizar os fármacos”.
“Desde que está preso, não tem se medicado, correndo risco iminente de sofrer um mal súbito e ir a óbito no Centro de Detenção Provisória, local em que se encontra”, advertiu o advogado de Cunha, Bruno Sousa, no processo.
Um dos condenados à prisão no julgamento sobre o 8 de janeiro revelou os detalhes do estado de saúde de Cleriston.
“Ele nunca esteve bem lá dentro”, ressaltou o homem. “Sempre vomitava, desmaiava. Muitas vezes teve de ir para o pronto atendimento. Ele desmaiava no pátio. O médico da Papuda sempre foi atencioso com Clezão, mas o atendimento era demorado. Os carcereiros diziam que era frescura.”
Depois da morte de Clezão, o ministro Alexandre de Moraes determinou à Direção do Centro de Detenção Provisória, em Brasília, informações sobre o caso. O magistrado requisitou “a cópia do prontuário médico e o relatório médico dos atendimentos recebidos pelo interno durante a custódia”.
Presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) cobrou formalmente explicações sobre a morte de Cleriston.
“Há mais de 10 meses preso provisoriamente em razão do 8/1, com parecer do MPF pela soltura, CLERISTON DA CUNHA morreu no interior da Papuda. Laudo Médico atestava que ele tinha risco de morte. Réu primário. Sem individualização de conduta”, publicou o deputado em seu perfil no X, antigo Twitter, completando: “Alguém terá que ser responsabilizado”.




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