Governo Lula ajusta estratégia de comunicação para diminuir rejeição no segmento evangélico
- Jason Lagos
- 7 de abr. de 2024
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passa por momento de ajustes e novidades na comunicação após queda de popularidade nas pesquisas de opinião, em março. Nas viagens da última semana, o chefe do Executivo reforçou, especialmente, as falas para o eleitorado religioso e teceu elogios aos ministros ligados aos estados visitados.
As mudanças vão ao encontro das estratégias traçadas desde a primeira reunião ministerial deste ano, na qual ficou decidido que os ministros deverão ficar responsáveis por explicar suas entregas à população, com ênfase nos resultados positivos e no impacto do dia a dia. Além disso, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) lançou novo slogan: “Fé no Brasil”.
Sem especificar uma fé, o governo espera alcançar o máximo de religiosos e interpretações possíveis da palavra.
Na terça-feira (2), no Rio de Janeiro, o presidente falou sobre a importância das igrejas no crescimento do PT: “A qualquer cidade que eu ia que não tinha o PT, tinha uma casa paroquial. E, se tivesse um padre progressista, e tivesse uma comunidade, nós criávamos o PT lá. Foi assim que o PT se transformou no partido mais importante da esquerda da América Latina”.
Já na quinta-feira (4), desta vez em Arcoverde (PE), Lula recheou o discurso de referências religiosas, perguntando se o público acreditava em Deus e em milagres. “Deus não é mentira, é a verdade, e não pode usar em vão como eles usam todo santo dia”, ressaltou.
Uma pesquisa da Quaest, divulgada no início de março, apontou aumento da desaprovação de Lula entre os evangélicos – o índice chegou a 62%.
Em comparação com o levantamento anterior, de dezembro, a rejeição ao trabalho do presidente dentro desse público avançou 6 pontos percentuais, indo de 56% para 62%. Já a aprovação recuou 6 pontos percentuais, variando de 41% para 35%.
Para os entrevistados católicos, Lula teve aprovação de 58% e reprovação de 39%.
A mudança de estratégia na comunicação oficial, segundo assessores do governo, ocorre com a maior presença do marqueteiro Sidônio Palmeira, responsável pela campanha vitoriosa do petista.
Ele tem feito visitas frequentes ao Palácio da Alvorada para orientar ministros e o próprio presidente sobre a comunicação do governo. A última foi na quarta-feira (4).
A avaliação de Sidônio é de que as menções recorrentes a Jair Bolsonaro afastaram o eleitorado que, apesar de moderado, preferiu apoiar a direita em vez da esquerda na última eleição presidencial.
A orientação repassada à equipe ministerial pelo Palácio do Planalto é a de diminuir a polarização e evitar menções ao governo passado na medida do possível.
A ideia agora é ressaltar as conquistas econômicas da gestão atual, mas, como resumiu um assessor do governo, “respeitando as preferências políticas de cada um”.
O presidente não tem expectativa de conquistar o eleitor ideológico, mas avalia que pode recuperar um eleitorado moderado que reconhece os avanços atuais do país.
O diagnóstico dos estrategistas petistas é de que foi esse eleitor que avaliou a gestão atual como boa ou ótima, em 2023, e agora migrou para regular, ruim ou péssimo.
Nesse sentido, a ideia é adotar o slogan “Fé no Brasil”, em um aceno ao eleitor evangélico, mas com um complemento: “A gente está no rumo certo”, para dialogar com o eleitorado que mudou de opinião sobre a gestão petista.
O mote da nova campanha publicitária é ressaltar que as iniciativas da atual gestão são para todos, mesmo que as pessoas pensem diferente.
Créditos: Metrópoles e CNN Brasil
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