Eventual filiação de Gilson Machado ao PP fortaleceria projeto de Robson Ferreira

A crise política estabelecida entre os grupos do ex-ministro Gilson Machado do presidente estadual do PL em Pernambuco, Anderson Ferreira, poderá redundar na migração de Gilson para o PP de Eduardo da Fonte.

O desentendimento entre os grupos de Gilson e Anderson explodiu a partir da decisão do comandante do PL pernambucano em filiar ao partido e apoiar como pré-candidata a prefeita de Ipojuca a atual vice, Patrícia de Leno.

A vice-prefeita se colocou na disputa após rompimento com a atual gestora do município, Célia Sales (PP), que não a escolheu como sucessora, optando por indicar a vereadora Adilma Lacerda (PP).

O Podemos, então partido de Patrícia de Leno, saiu em apoio à pré-candidata de Célia Sales, levando a vice a deixar a sigla e buscar aliados em outros partidos. O primeiro nome de peso a defender sua candidatura foi o deputado federal Felipe Carreras (PSB), o que indicou uma possível filiação aos socialistas. A movimentação teria tido, inclusive, aval do prefeito do Recife, João Campos.

Entretanto, o diretório estadual do PSB definiu a deputada federal Simone Santana para o pleito. Ainda determinada a lançar sua própria candidatura, Leno buscou aliados no PL estadual, desagradando as lideranças municipais da sigla, já comprometidos com Célia Sales e sua pré-candidata.

A súbita filiação e indicação de Patrícia de Leno por Anderson Ferreira causou confusão entre os membros do PL de Ipojuca, que declararam não reconhecer a sua pré-candidatura. "Em nenhum momento a direção municipal foi ouvida na construção deste ou de quaisquer outros caminhos”, expressou, em comunicado, o dirigente do PL de Ipojuca, Carlos Eduardo Machado, irmão de Gilson Machado.

A crise escalou a ponto do grupo dos irmãos Machado ameaçarem boicotar candidaturas do PL em outros municípios, como a de Jaboatão dos Guararapes, terra-natal de Anderson Ferreira, onde o mesmo já foi prefeito duas vezes. Carlos Eduardo Machado chegou a convidar tanto seu irmão, quanto Jair Bolsonaro, para subirem no palanque de Clarissa de Tercio (PP) em Jaboatão, caso Anderson não recue na indicação de Patrícia de Leno.

“O ex-presidente Jair Bolsonaro e Gilson Machado estarão livres para subir no palanque da deputada Clarissa de Tercio, assim como nos palanques ‘verdadeiramente’ bolsonaristas nos mais de 30 municípios onde Gilson Machado foi majoritário em votação na sua campanha para o Senado em 2022", declarou o dirigente. A ameaça inclui, naturalmente, Santa Cruz do Capibaribe.

Com o racha instaurado, Anderson se pronunciou através de nota na última quinta-feira (21), onde indicou apoio à pré-candidatura de Gilson Machado à Prefeitura do Recife para estabelecer um ponto pacífico com os amotinados, mas afirmou que “projetos pessoais” não se sobressaem às estratégias do partido.

A tentativa de apaziguar os ânimos ao público não funcionou, e o grupo dos irmãos Machado voltou a se pronunciar contra a posição do ex-prefeito de Jaboatão na última sexta-feira (22). Em nota assinada por Carlos Eduardo Machado e Mário Pilar, o grupo expressa surpresa por terem sido destituídos do diretório municipal do PL, ratifica o apoio à sucessora de Clécia Sales, e julga a atitude de Anderson como “coronelista”.

Nesta quarta-feira (27), o blog Ponto de Vista publicou uma matéria informando que Gilson Machado, em decorrência da crise com Anderson Ferreira, poderá trocar o PL pelo PP. Segundo o blog, o ex-ministro do Turismo teria inclusive já conversado com lideranças do Progressistas sobre o assunto.

Em meio a rumores de que poderia deixar o PL para disputar a Prefeitura do Recife pelo PP, o ex-ministro Gilson Machado Neto disse ao Blog do Elielson: “eu não darei um passo sem o aval do presidente Bolsonaro”, sem descartar diálogo com outras legendas.

Caso se confirme a travessia de Gilson para o PP, o fato poderá favorecer o projeto do empresário Robson Ferreira, que pretende disputar a eleição majoritária de Santa Cruz do Capibaribe como candidato a prefeito. Robson costuma afirmar que possui uma grande afinidade política e pessoal com o ex-ministro de Bolsonaro.

Créditos parciais: Diário de Pernambuco, Blog Ponto de Vista e Blog do Elielson