Deputado Lula da Fonte reage à saída do prefeito Fábio Aragão do PP e detona o agora ex-aliado

O deputado federal Lula da Fonte (PP), filho do presidente estadual da legenda, o também deputado federal Eduardo da Fonte, um mês após a saída do prefeito Fábio Aragão do Progressista, reagiu duramente à decisão tomada pelo chefe do Executivo local.

Em entrevista concedida ao Blog do Alberes Xavier, Lula da Fonte afirmou que o município de Santa Cruz do Capibaribe foi destinatária de mais de R$ 50 milhões em emendas do deputado Dudu da Fonte, em diversas gestões, demonstrando inconformismo com a decisão de afastamento unilateral tomada pelo prefeito Fábio Aragão.

“Santa Cruz do Capibaribe tem todo o nosso apreço, não deixaremos de trabalhar pela cidade um dia sequer do nosso mandato, pois desde 2006 o meu pai destina emendas para lá... São mais de 50 milhões de reais em emendas ao longo de todo esse tempo”, afirmou Lula da Fonte.

A decisão de Fábio Aragão pegou de surpresa não apenas Eduardo da Fonte e o seu filho, Lula da Fonte, mas os próprios liderados do prefeito, com e sem mandato eletivo, que, na sua quase totalidade, souberam do assunto por conta da repercussão na imprensa. É o caso do vereador Carlinhos da Cohab, do ex-diretor de Turismo Natálio Arruda e o secretário de Meio-Ambiente Caio Rafael, todos eles filiados ao PP e pessoas da confiança de Eduardo da Fonte.

Aparentando indignação pelo repentino afastamento, Lula da Fonte, na mesma entrevista, chegou a insinuar que o prefeito Fábio Aragão é um "falso profeta". A fala nesse sentido foi a seguinte: “Ainda em relação a Santa Cruz, quero citar aqui uma passagem bíblica, que se passa em Mateus, Versículo 7, que é quando ele diz que ‘temos que ter cuidado com os falsos profetas, porque eles vêm em pele de ovelhas mas na verdade são lobos devoradores’”, disparou.

O filho de Dudu da Fonte ainda fez questão de destacar um importante episódio ocorrido em 2020, quando o PSB local agiu para inviabilizar política e eleitoralmente a então pretendida candidatura de Fernando Aragão, à prefeitura, que, no entanto acabou sendo mantida por uma articulação e interferência direta de Eduardo da Fonte junto ao diretório estadual do PSB.

À época, tanto o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, quanto o então deputado federal Danilo Cabral, que viria a ser o candidato socialista à sucessão de Paulo Câmara, garantiram, em sintonia com o deputado estadual Diogo Moraes, que a legenda teria Helinho Aragão como candidato a prefeito em Santa Cruz do Capibaribe.

Eduardo da Fonte comprou a briga pela candidatura de Fernando Aragão, ameaçando não apoiar a candidatura de João Campos à Prefeitura do Recife, caso os socialistas não apoiassem o PP em Santa Cruz do Capibaribe. A pressão deu certo, tendo sido retirada a pré-candidatura socialista.

Com a morte de Fernando Aragão, vitimado pela Covid-19, o seu filho Fábio Aragão assumiu a candidatura e o comando do PP local, tendo sido sagrado prefeito por uma estreita margem de votos. Desde então, Fábio adquiriu uma boa musculatura política, a ponto de não temer as consequências do surpreendente ato de se afastar de Eduardo da Fonte e do Progressista.

A reação irada do filho de Eduardo da Fonte, embora tardia, indica que o Progressista deve atuar contra Fábio Aragão em 2024, embora os caminhos da ação da legenda, nesse sentido, não estejam ainda delineados.

A disputa eleitoral de 2020 não foi a primeira em que o PP fez parte de uma composição majoritária em Santa Cruz do Capibaribe. No ano de 2012, através de Dimas Dantas, a legenda ocupou a vice de Edson Vieira, então candidato a prefeito pelo PSDB.