Denúncia aponta que Dani Portela contratou empresa de familiar para consultoria: Alepe já pagou R$ 457 mil

A empresa foi criada apenas após a parlamentar assumir uma cadeira como deputada estadual

Uma denúncia protocolada em órgãos de controle estaduais no último dia 22 de julho – e enviada a diversos e-mails de autoridades e da imprensa pernambucana – aponta indícios de que a deputada estadual Dani Portela (PSOL) contratou, via verba de gabinete, uma empresa de consultoria de propriedade do tio do seu marido, o militante Jesualdo Campos.

Uma das coincidências é que a empresa foi criada apenas após a parlamentar assumir uma cadeira como deputada estadual. Conforme a denúncia, a contratação já rendeu R$ 457,2 mil para a empresa, que não tem sede própria. O endereço registrado é de um coworking na Boa Vista. Os dados dos pagamentos estão registrados no site da Alepe.

De acordo com a denúncia, “a Coutinho Assessoria Ltda. pertenceria a um tio do marido de Dani Portela, Wildson Pinto Coutinho, casado com a tia materna do marido da deputada estadual, a senhora Ana Virgínia Souza Coutinho, a quem Jesualdo Campos Júnior intitula de “tia-mãe”, enquanto ela o chama de “sobrinho-filho”.

A relação entre o dono da empresa, sua esposa, e o casal Danielle Gondim Portela e Jesualdo de Albuquerque Campos Júnior é de significativa proximidade, conforme registros de redes sociais.

Há várias fotos do grupo familiar em convivência, inclusive na pandemia, através de lives. Wildson Pinto Coutinho também é filiado ao PSOL e na realidade trabalharia, em contrato CLT, numa empresa de tecnologia situada no Recife”, registra o texto.

Segundo dados da Receita Federal, a empresa contratada pelo gabinete da deputada Dani Portela, a Coutinho Assessoria Ltda (CNPJ 51.337.464/0001-29), foi criada em sete de julho de 2023, cinco meses após a deputada estadual assumir o cargo de deputada estadual.

Vinte e quatro dias depois de criada, ou seja, quase que automaticamente, a empresa já iniciou a prestação de serviços de “consultoria e trabalhos técnicos” para o gabinete da parlamentar, recebendo inicialmente pelo “serviço” o total mensal de R$ 14.711,20.

A partir de junho de 2024, quando houve aumento da verba indenizatória, esse valor foi majorado para R$ 23.856,00. A hipótese investigativa é que os valores seriam repassados a Jesualdo.

Dos R$ 1,24 milhão já utilizados pelo gabinete da deputada estadual, 37% foram destinados à Coutinho Assessoria Ltda., que não possui redes sociais, site ou qualquer outro portfólio público que apontaria as vantagens e/ou justificativas da contratação.

Nesta segunda-feira (11), a deputada fez um discurso inflamado na tribuna da Alepe, mas terminou confirmando que a empresa ligada à sua família recebeu, até agora, quase meio milhão de reais dos cofres públicos. Portela também enviou nota à imprensa sobre o assunto.

Dani Portela afirmou que a empresa Coutinho Assessoria Ltda presta regularmente serviços de automatização de dados no seu gabinete, sendo remunerada, portanto, com recursos da Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco), mas não mencionou, nem na nota e nem no discurso, que pertence a um tio do seu marido e que foi criada cinco meses após ser empossada, num suspeito caso de coincidência.

No discurso enfático que fez no plenário, Portela atribui as denúncias ao governo de Pernambuco, pelo fato de haver liderado a criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a licitação da publicidade governamental.

Créditos: Blog do Ricardo Antunes