Com o marido inelegível e vulnerável, Michelle Bolsonaro se prepara para ser protagonista em 2026
- Jason Lagos
- 16 de abr.
- 3 min de leitura

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem se movimentado para se consolidar cada vez mais como uma das principais alternativas ao marido, Jair Bolsonaro (PL), na disputa à Presidência de 2026. Com o ex-presidente inelegível, pesquisas de intenção de voto vem mostrando Michelle como umas das opções favoritas de eleitores da direita para concorrer ao Planalto.
Como presidente do PL Mulher, Michelle tem tido uma agenda intensa de viagens ao redor do Brasil para inaugurar diretórios estaduais do núcleo feminino do partido. Desde meados de 2023, a ex-primeira-dama já visitou os 27 Estados, segundo sua assessoria. Ela tem uma programação própria, independente da de Bolsonaro.
No fim de semana, quando o ex-presidente foi internado de emergência no Rio Grande do Norte, Michelle estava em Mato Grosso e voltou às pressas para Brasília por causa da transferência médica do marido para a capital.
A internação e a cirurgia de Bolsonaro têm sido, inclusive, usadas como exemplo por aliados para mostrar o espaço que a ex-primeira-dama conquistou tanto no entorno do ex-mandatário quanto no PL. Michelle “tomou as rédeas” de tudo relativo ao procedimento cirúrgico de Bolsonaro, a começar pela troca do médico que o atendia desde que sofreu o atentado em Juiz de Fora, em setembro de 2018.
Na internação atual de Bolsonaro, a ex-primeira-dama concentrou a comunicação sobre o marido: tudo tem passado pelas mãos e aprovação dela. Isso também tem sido aproveitado por aliados de Michelle para propagar a imagem de “boa esposa que cuida do marido”. Num vídeo que circulou pelo WhatsApp e pelas redes sociais, Michelle aparece massageando os pés do ex-presidente no hospital, enquanto ele recebe atendimento.
Michelle também restringiu as visitas ao ex-presidente, limitando-as apenas à família e à equipe médica. Alguns políticos e parlamentares chegaram a tentar visitar o ex-mandatário, mas tiveram o acesso negado.
Hoje, nos planos de Bolsonaro, o ex-presidente prefere que Michelle seja candidata ao Senado, seguindo a ideia de que a prioridade do ano que vem é conquistar maioria na Casa – capaz de pautar, por exemplo, pedidos de impeachment a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Porém, segundo fontes do partido, Michelle tem conquistado cada vez mais apoiadores para um eventual projeto presidencial. De acordo com um parlamentar próximo à família, os filhos do ex-presidente diminuíram algumas das resistências que têm a uma candidatura da madrasta ao Planalto após o gesto que ela fez no ato bolsonarista da Avenida Paulista, em 6 de abril.
Na ocasião, Michelle chamou os filhos de Bolsonaro e os abraçou durante seu discurso. A atitude foi uma surpresa até mesmo para a família, já que a ex-primeira-dama não tem uma boa relação com Carlos e Jair Renan Bolsonaro, dois de seus enteados que foram abraçados por ela na manifestação.
Entre os defensores da candidatura à Presidência de Michelle, o principal argumento é que ela é um coringa em qualquer posição na chapa ao Executivo federal, podendo ser titular ou vice. O motivo, alegam, é que a ex-primeira-dama é carismática, discursa bem e é capaz de engajar o eleitorado feminino, onde Bolsonaro costuma enfrentar mais resistência.
Por outro lado, integrantes do PL também afirmam que Michelle, se quiser se lançar numa campanha nacional, precisa direcionar o discurso para além do eleitorado cristão, no qual ela já é forte, e se dirigir mais a um público mais amplo.
Créditos: Valor Econômico




Comentários