Tarcísio cobra anistia, pressiona Hugo Motta e chama Alexandre de Moraes de ditador e tirano
- Jason Lagos
- 8 de set.
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou neste domingo (7), durante ato bolsonarista na avenida Paulista, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá ser condenado nesta semana sem nenhuma prova. Disse ainda que a delação de Mauro Cid ocorreu sob coação.
Tarcísio defendeu a anistia geral, pressionou o presidente da Câmara, Hugo Motta, a pautar o tema e disse que o julgamento que ocorre no STF é sobre “um crime que não existiu”. O governador paulista disse que o julgamento não é justo, voltou a falar em “narrativas” e mandou indiretas a Alexandre de Moraes.
“Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega”, disse em recado ao Supremo. “Não vamos aceitar que nenhum ditador diga o que temos que fazer.” Em certo momento chamou Moraes de ditador e de tirano. “Ninguém aguenta mais tirania de um ministro como Moraes.”
“Nós não vamos mais aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer.”
O governador disse que “não existe Independência sem liberdade”. Lamentou a ausência de Bolsonaro no protesto em São Paulo e disse que a população não pode ser mais “tímida” para defender o que chama de “liberdade, estado de direito e democracia representativa”.
Tarcísio esteve em Brasília durante a primeira semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal Federal) e embarcou nas articulações da direita por uma anistia que beneficie o padrinho político, deixando o clima mais favorável à aprovação da proposta.
Essa movimentação se deu em meio ao anúncio de desembarque do Progressistas (PP) e do União Brasil do governo Lula —os partidos decidiram entregar cargos ocupados por filiados na gestão federal e aderir à proposta de anistia.
A aprovação de um projeto do tipo ainda esbarra na falta de um texto consolidado e em divergências entre parlamentares sobre incluir ou não Bolsonaro, mas lideranças da direita e do centrão afirmam que a proposta tem o apoio de cerca de 300 deputados (de um total de 513).
A proposta do centrão é perdoar Bolsonaro no âmbito das ações penais agora julgadas no STF, sem reverter a inelegibilidade do ex-presidente. Desta forma, abririam caminho para a candidatura de Tarcísio.
Atual decano do STF, Gilmar Mendes reagiu à crítica feita pelo governador de São Paulo ao ministro Alexandre de Moraes em discurso na Avenida Paulista. “Lamentável”, reagiu Gilmar, ao ser questionado pelo portal Metrópoles sobre o discurso de Tarcísio.
O ministro também se manifestou sobre o tema em suas redes sociais. Sem citar Tarcísio, o decano do STF rebateu algumas das falas do governador, afirmando não existir uma “ditadura da toga” no Brasil.
O ministro do Supremo também fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro, sem citar o ex-presidente. Ele disse que o Brasil “não aguenta mais ” sucessivas “tentativas de golpe de Estado.
Ministros do governo Lula reagiram com espanto ao tom do discurso do governador de São Paulo. Na avaliação de ministros do governo, ao adotar esse tom, Tarcísio se despiu completamente da imagem de direita moderada. “Esse é o moderado?”, questionou um auxiliar de Lula.
Para integrantes do governo petista, Tarcísio subiu o tom em uma tentativa de reconquistar a ala mais radical do bolsonarismo, que costuma criticar o governador pela postura mais moderada. Já para o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, o governador paulista “cruzou o Rubicão” e pode ser enquadrado por coação no curso do processo ao atacar diretamente o ministro Alexandre de Moraes, relator das ações contra Jair Bolsonaro e os envolvidos no golpe de Estado de 8 de janeiro.
Créditos: Folha de SP e Metrópoles




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