Sem comando e sem chapa, MDB de Pernambuco aguarda decisão nacional sobre o rumo a seguir
- Jason Lagos
- 7 de nov.
- 3 min de leitura

Raul Henry e Jarbas Filho estão em uma renhida disputa pelo comando do partido em Pernambuco
Partido que chegou a figurar entre os maiores de Pernambuco, o MDB amarga neste final de ano uma situação muito difícil para quem deseja disputar a eleição do próximo ano. A decisão judicial tomada a partir da ação dos diretórios municipais de Bodocó e Paulista anulou a eleição realizada pela legenda que escolheu o ex-deputado federal Raul Henry como presidente e, embora liminar, ela automaticamente dissolveu a executiva e o diretório estaduais constituídos na ocasião, deixando acéfala a direção partidária. Até as senhas de acesso às contas da legenda foram anuladas. Isso só será normalizado se a executiva nacional designar um novo comando, mesmo que provisório, até o problema judicial ser resolvido.
Foi com este propósito que Fernando Dueire e Jarbas Filho estiveram com o presidente nacional, deputado federal Baleia Rossi, esta quarta-feira à noite. Baleia deve definir os nomes dos membros do grupo interventor que terá direito a comandar a legenda, por enquanto. Jarbas Filho vetou a participação de Raul Henry na direção provisória, mas informou a Baleia que não se opõe a outras lideranças do grupo desde, evidentemente, que tanto ele quanto Dueire indiquem membros também. O presidente nacional explicou aos dois que vai tentar uma conciliação.
Um membro proeminente na direção eleita e agora destituída, é o prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto Arruda, pai da deputada de federal Iza Arruda e do pré-candidato a deputado estadual, Túlio Arruda, todos dois dispostos a disputar a eleição do ano que vem. O prefeito diz que não será obstáculo a entendimento: “converso com todos, sem dificuldade” – adiantou. Mas ele próprio ressaltou que é necessário definir logo a questão pois vai ser impossível buscar novos filiados para disputar mandato de deputado federal ou estadual se existirem incertezas no processo. O mesmo repetem em off membros do grupo liderado por Dueire e Jarbas Filho. Dueire, inclusive, é pré-candidato a Senador e, estando no cargo, tem o direito natural de concorrer.
Dentro do MDB nacional o grupo de Dueire e Jarbas Filho conta com o apoio dos 12 senadores emedebistas que manifestaram desde o início da briga pela direção do partido a sua preferência e ressaltaram de viva voz em encontros em Brasília com a presença de Baleia Rossi, que não poderiam jamais faltar ao ex-senador Jarbas Vasconcelos, uma liderança que orgulha a legenda e cujo filho estava candidato e nem a Dueire que é um membro da bancada no Senado que criou vínculos com todos os senadores, sem distinção, e tem feito um ótimo trabalho.
A anulação da eleição do MDB foi decidida pela Justiça do Distrito Federal através de ação movida pelos diretórios municipais de Bodocó e Paulista que acusaram, com provas, irregularidades na realização do pleito e, se considerando preteridos, solicitaram a anulação do mesmo. A ação arrolou tanto a direção estadual como o nacional daí porque foi ajuizada em Brasília. A juíza que julgou a ação e concedeu a liminar, ouviu antes tanto o diretório nacional quando o estadual do MDB e em sua decisão afirmou as alegações dos dois, na defesa que fizeram, não a convenceu da lisura do processo.
Por trás desta celeuma está a eleição de governador em 2026. O MDB não tem candidato ao posto, mas o grupo de Raul se aliou ao prefeito João Campos – ele é secretário de relações institucionais da Prefeitura do Recife – e o senador Fernando Dueire e o deputado Jarbas Filho apoiam a reeleição da governadora. Dueire inclusive é cotado para candidato ao Senado na chapa de Raquel.
Se quiser conciliação, o presidente nacional pode até conseguir avançar em relação às eleições proporcionais, mas a majoritária não tem como. Raul, assim que foi eleito, fez um discurso apoiando João Campos, como um divisor de águas, e Dueire e Jarbas Filho continuam com Raquel e não admitem recuar.



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