PGR acusa Bolsonaro de crimes que nem a PF sustentou em indiciamento
- Jason Lagos
- 20 de fev.
- 2 min de leitura

O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, na denúncia contra Jair Bolsonaro ajuizada na terça-feira 18, acusa o ex-presidente de crimes que nem mesmo a Polícia Federal sustentou em seu relatório de investigação sobre a suposta tentativa de golpe, em 2022, quando Bolsonaro ainda era presidente.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão encarregado da acusação, responsabiliza o expresidente por dano ao patrimônio da União e deterioração de bens tombados ao citar os atos de 8 de janeiro de 2023, crimes não atribuídos a Bolsonaro pela PF.
Gonet solicita a fixação de um valor mínimo para reparação dos danos causados pelos envolvidos, incluindo o ex-presidente.
O documento da PGR também sustenta, com base em indícios frágeis e sem comprovação, que Bolsonaro teria aprovado um plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
O relatório da Polícia Federal não incluiu a acusação relativa ao 8 de janeiro no indiciamento de Bolsonaro, embora estabeleça conexão entre os atos e o ex-mandatário. No documento final também não há menção a um suposto aval de Bolsonaro ao plano de assassinato.
Dentre os indícios apresentados, Gonet se baseia em mensagens de WhatsApp que, segundo a PGR, demonstrariam o envolvimento direto de Bolsonaro. Um exemplo citado é uma mensagem de 2 de janeiro de 2023, enviada pelo major da Aeronáutica Maurício Pazini Brandão, na qual ele faz referência a uma ação que aguardava implementação.
A investigação não apresenta qualquer indicação de resposta de Bolsonaro, que naquele período estava nos Estados Unidos.
Mensagens trocadas por Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, sugerem que algo significativo estava previsto para os primeiros dias de janeiro de 2023. Em um depoimento recente, cujo teor foi divulgado nesta quarta-feira, 19, Cid afirmou que suas mensagens não tinham relação com os eventos daquele dia.
“Ministro, o dia 8 foi uma surpresa para todo mundo”, disse o militar a Alexandre de Moraes durante oitiva. “Os militares estavam de férias.” Mesmo com a relevância da delação de Cid para a investigação, sua posição não foi considerada na denúncia da PGR.
Créditos: Revista Oeste
Komentar