Mauro Cid vazou delação a advogado de um dos réus do plano de golpe
- Jason Lagos
- 17 de jun.
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Defensor do coronel Marcelo Câmara, ex-auxiliar de Jair Bolsonaro e um dos réus na ação do golpe de Estado que tramita no STF, o advogado Eduardo Kuntz apresentou ao STF um documento com todas as mensagens trocadas por Mauro Cid a partir do perfil @gabrielar702 no Instagram.
Kuntz é o interlocutor de Cid nas mensagens reveladas por VEJA que comprovam transgressões durante a delação. No material enviado ao ministro Alexandre de Moraes, a defesa prévia de Câmara, o advogado pede que o ministro anule o acordo do tenente-coronel por “falta de voluntariedade” e retire do processo as provas obtidas a partir do acerto.
O fato de o criminalista defender um dos investigados no caso em que Cid é delator torna a violação do colaborador ainda mais grave, dado que comprova que o ex-auxiliar de Jair Bolsonaro compartilhou informações do seu acordo de delação com outro réu, quando não poderia ter feito isso.
Segundo o documento, foi Cid quem tomou a iniciativa de procurar o advogado por meio da conta clandestina no Instagram. Kuntz documentou as trocas de mensagens e telefonemas para se proteger de uma eventual “ação controlada”, diz o texto enviado a Moraes.
De acordo com o advodado, as conversas dele com Mauro Cid estão registradas em 50 páginas de uma ata notarial apresentada ao Supremo.
A identificação do interlocutor de Cid derruba a tese da defesa do delator, conduzida pelos advogados Cezar Bitencourt, Jair Alves Pereira e Vânia Adorno Bitencourt, de que as mensagens reveladas por VEJA seriam “uma miserável fake news”.
Bitencourt, aliás, é citado em novas mensagens que integram o material de Kuntz pelo apelido de “Biden”, uma crítica de Mauro Cid a erros do defensor. O advogado sugere a Cid que troque de profissional, mas o delator explica a importância de Bitencourt: “Ele é muito respeitado… E senta com o AM (Alexandre de Moraes). Por isso que não voltei para a cadeia”, diz Cid.
O delator chama Moraes de “Kadafi do Judiciário” ao criticar a forma como o magistrado lidava com as investigações naquele momento.
Em outro trecho novo, Cid diz que a então vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, teria o alertado sobre as investigações existentes contra ele no STF. “Quando começaram a quebrar minha vida, em 2021, a PF fez um relatório…. E não encontrou nada… O ministro não gostou e mandou reanalisar tudo… Deu ordem para que fosse feito relatórios semanais de tudo que pudesse encontrar. Qualquer linha de mensagem… Qualquer depósito em dinheiro virava hipótese criminal. E sabe o que é pior… PR sabia disso… Lindôra falava tudo para ele…”, diz Cid.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro protocolou nesta segunda-feira, 16, petição ao STF pela anulação do acordo de colaboração premiada firmado entre o tenente-coronel Mauro Cid e a Polícia Federal. No documento, os advogados sustentam que Cid violou os termos do acordo ao mentir em interrogatório e quebrar o sigilo das informações.
Créditos: Revista Veja e Revista Oeste




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