Indefinição na Direita santa-cruzense ameaça candidatura de Allan Carneiro

A recente formação da diretoria local do Partido Liberal, ao invés de pacificar o relacionamento entre as lideranças da legenda produziu efeito contrário. Mesmo não estando presente na reunião convocada para este fim, o suplente de deputado federal Robson Ferreira teve o seu nome indicado para compor a diretoria, sem o seu conhecimento e muito menos o consentimento. Contrariado, Robson chegou a falar em entrar na Justiça por conta do episódio.

Nos dias seguintes à homologação da ata da reunião, o mal-estar entre o empresário e as lideranças locais da Direita só aumentou. Embora não tenha dado declarações à imprensa, Robson Ferreira não deixou de manter contatos com a alta liderança do PL nacional, tendo como ponte o ex-ministro Gilson Machado.

Um outro dado que trouxe preocupação para a diretoria recém-empossada foi a curta duração do mandato concedido pela direção estadual do PL, de apenas 4 meses, o que significa que em fevereiro do próximo ano terá que haver uma nova eleição, ou uma prorrogação dos atuais mandatos.

A situação no PL santa-cruzense, hoje, é de impasse: nem Robson conseguiu a direção da legenda, conforme era o seu objetivo, nem as demais lideranças conseguem autoridade plena sobre o partido, sem a preocupação e uma eventual interferência estadual ou mesmo nacional.

Segundo Robson Ferreira, algumas das diretrizes determinadas em uma reunião na sede do PL, em Recife, da qual participaram lideranças da Direita, Dida de Nan e Allan Carneiro, não estão sendo observadas.

Robson garante ter ficado definido que a nova diretoria do partido só seria estabelecida a partir do mês de março de 2024. Mais: Allan só poderia indicar membros da nova diretoria a partir do momento em que ele próprio se filiasse à legenda.

Uma outra diretriz que, segundo Robson Ferreira, não estaria sendo cumprida é a de que o candidato a prefeito obrigatoriamente teria de estar filiado ao PL. Ocorre que Allan Carneiro, provável candidato a prefeito pelo grupo Verde, em aliança com a Direita, não tem a intenção de filiar-se ao partido de Jair Bolsonaro, mantendo-se no Cidadania, agremiação de origem esquerdista.

Recentemente, durante encontro casual entre o ex-vice prefeito Dida de Nan, filiado ao PL, e o editor do Blog do Jason Lagos, durante sessão da Câmara Municipal de Vereadores, Dida confirmou que, de fato, foi estabelecida a exigência, da parte de Anderson Ferreira, presidente estadual do Partido Liberal, de que o candidato a prefeito seja filiado ao partido.

Segundo Dida, Anderson Ferreira impôs essa condição na primeira de duas reuniões da qual ele participou, junto com membros da Direita local e do grupo Verde. Na segunda reunião Anderson não teria tocado no assunto, mas também não teria retirado a exigência, nem estabelecido uma nova situação.

O último fato a trazer insegurança para a direção local do PL e, em consequência, para a aliança do grupo direitista com Allan Carneiro, foi o adiamento para o dia 13 de dezembro de uma entrevista que estava marcada para acontecer nesta segunda-feira (4), no programa Agreste em Destaque, que vai ao ar ao meio-dia, de segunda a sexta, na Rádio Comunidade.

A entrevista, que teria a participação de Anderson Ferreira, do deputado estadual Abimael Santos, do pré-candidato a prefeito Allan Carneiro, do seu provável companheiro de chapa, Dida de Nan, além de filiados do PL e lideranças do grupo Verde, foi batizada de "Confraternização da Direita".

Oficialmente, a justificativa dada para o adiamento foi a posse de Gilson Machado como presidente do PL recifense, evento ao qual vários membros da Direita santa-cruzense decidiram prestigiar presencialmente. Entretanto, a posse só acontecerá na quarta-feira (6), o que, em tese, não impediria a realização da entrevista.

Na esteira do adiamento da "Confraternização da Direita", o militante Adilson Bolsonaro cancelou sua participação, como entrevistado, em um programa de rádio, de teor político, comandado pelo ex-vereador Ernesto Maia, que aconteceria na noite desta segunda (4).

O que se sabe extra-oficialmente é que o suplente de deputado federal Robson Ferreira viajou para Brasília, para acompanhar o evento de posse de Gilson Machado, e os membros da Direita local não pretendem dar espaço para que o mesmo possa articular, sozinho, uma mudança no destino do PL local.

A situação de indefinição do PL é um sério complicador para Allan Carneiro, que contou com o apoio quase total da Direita orgânica em 2020, quando perdeu a eleição por apenas 300 votos para Fábio Aragão.

Em 2024, caso Allan tenha o apoio de apenas uma parte da Direita, a possibilidade de vencer um fortalecido Fábio Aragão, que ostenta hoje altos índices de aprovação pessoal e de governo, é bastante remota.