Grupo Taboquinha se encaminha para ignorar (novamente) o princípio do candidato natural
- Jason Lagos
- 24 de fev
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O grupo Taboquinha disputou a primeira eleição municipal com essa nomenclatura no ano 2000. A origem do nome foi a conquista da adutora de Tabocas, pelo então vereador José Augusto Maia dois anos antes, ano da eleição para deputado estadual, na qual Zé Augusto teve mais votos, em Santa Cruz do Capibaribe, do que a soma dos que foram dados a Augustinho Rufino e Edson Vieira.
A espetacular vitória de Zé Augusto em 1998 o tornou candidato natural a prefeito para a eleição municipal seguinte, no ano 2000, o que não foi aceito por Fernando Aragão, pai do ex-prefeito Fábio Aragão. Fernando não apenas recusou-se a apoiar Zé Augusto, como lançou-se candidato a prefeito, com a óbvia intenção de reduzir a zero a chance do "companheiro" vencer o então prefeito e candidato a reeleição Ernando Silvestre, favorito na disputa.
Abertas as urnas, Fernando obteve uma votação insignificante, de apenas 442 votos, 2 a menos do que o mais votado candidato a vereador do seu partido, Vando de Zulmira, que não se elegeu, apesar de ter superado eleitoralmente o candidato a prefeito de sua própria legenda. Zé Augusto venceu o favorito Ernando Silvestre.
Nas eleições seguintes, 2002, 2004, 2006 e 2008, período no qual José Augusto Maia comandou a prefeitura local, os Taboquinhas respeitaram o princípio do candidato natural. Em 2010, no entanto, isso não foi observado.
Já sem mandato, Zé Augusto lançou-se candidato a deputado federal, sendo, assim, não apenas candidato natural, como também o único filho da terra a disputar uma cadeira para a Câmara Federal com reais chances de sucesso. Dentre os vereadores Taboquinhas, apenas Ernesto Maia e Diomedes Brito o apoiaram. Fernando Aragão, pela segunda vez, negou apoio a Zé Augusto.
Feita a apuração, Zé Augusto obteve 18.800 votos, ficando em primeiro lugar, mas poderia ter superado tranquilamente a barreira dos 20.000 votos, não fossem os 3.894 dados a Eduardo da Fonte, que teve, por debaixo dos panos, o apoio da gestão municipal, então comandada por Toinho do Pará.
No ano de 2012 o grupo Taboquinha não tinha candidato natural a prefeito, já que Toinho do Pará desitiu de buscar a reeleição. Quatro vereadores tentaram se cacifar para a disputa: Fernando Aragão, Zé Elias, Dr. Nanau e Ernesto Maia. Ao invés de apoiar um deles, o então deputado federal José Augusto Maia impôs o próprio nome como candidato a prefeito, sendo derrotado por Edson Vieira.
Sabe-se que um dos quatro vereadores que tentaram ser candidato a prefeito em 2012 não apenas não votou em Zé Augusto, mas também proibiu que sua militância pedisse votos para ele.
Dois anos depois, o grupo Taboquinha disputou a eleição legislativa estadual com dois candidatos: Toinho do Pará e Ernesto Maia. Mesmo obtendo quase 4 vezes mais votos do que Ernesto em Santa Cruz do Capibaribe, Toinho ficou de fora da Alepe. Os votos dados a Ernesto teriam sido suficientes para elege-lo.
Para a eleição municipal seguinte, de 2016, Fernando Aragão despontou como o candidato natural, o que não foi aceito por Zé Augusto, que lançou o jovem empresário Cleiton Barbosa para concorrer internamente com Fernando pelo posto de candidato. Fernando venceu a disputa interna e chegou próximo de vencer a eleição de prefeito, tendo sido derrotado por pouco mais de 900 votos.
Em 2018, os Taboquinhas tiveram dois candidatos a deputado estadual: Tallys Maia e Diogo Moraes, que estava de volta ao grupo. A divisão dos votos taboquinhas naquele pleito ajudou Alessandra Vieira ser a mais votada para a Alepe em Santa Cruz do Capibaribe, com 12.735 votos, seguida por Diogo, com 10.006 votos, e Tallys com 7.372.
No ano de 2020, a morte de Fernando Aragão acabou unindo o grupo Taboquinha, que marchava rachado para mais uma eleição municipal. O racha viria a se repetir dois anos depois, com dois candidatos a deputado federal: Eduardo da Fonte, que obteve 10.022 votos, e Zé Augusto, que chegou a 8.283 votos, mesmo disputando sem ter uma base de apoio e com parcos recursos financeiros. Robson Ferreira foi o candidato a deputado federal mais votado, com 10.576 votos.
A unidade voltou a reinar dentre os Taboquinhas em 2024, quando o grupo obteve, com a chapa Helinho Aragão e Flávio Pontes, a mais expressiva vitória eleitoral de sua história, elegendo também 12 vereadores para as 17 cadeiras em disputa.
Para 2026, o fantasma da divisão já assombra o grupo Taboquinha. Ignorando o princípio do candidato natural, que é o deputado estadual Diogo Moraes, com 4 mandatos seguidos, o ex-prefeito Fábio Aragão pretende disputar o mesmo cargo. Apesar de não afirmar categoricamente que irá fazê-lo, Fábio tem falado e agido como pré-candidato.




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