Gestão Fábio Aragão é alvo de críticas em Audiência Pública sobre obras da Central de Feiras

O anúncio da retomada das obras de cobertura da Central de Feiras e Mercados, feito pelo prefeito Fábio Aragão na manhã da segunda-feira (17), não foi capaz de evitar um grande desgaste na imagem do governo no dia seguinte, durante a Audiência Pública realizada na Câmara Municipal de Vereadores para tratar do mesmo assunto.

Durante horas, feirantes, compradores e parlamentares da oposição revezaram-se em questionamentos e críticas à gestão, por conta dos inúmeros prejuízos causados pela transferência da Feira, no final de setembro de 2022, para o Cabana Club, e pela falta de um prazo estimado para o local original, após a esperada (e demorada) cobertura do espaço.

A bancada de situação presente à Audiência, incluindo Augusto Maia, Flávio Pontes, Gilson Julião, Irmão Soares, Emanuel Ramos e Vando da Sertec, pouco pôde fazer em um ambiente claramente hostil ao governo, e formado majoritariamente por vendedores que vêm tendo graves prejuízos em seus comércios, por conta da transferência forçada para o Cabana Club.

O único vereador Taboquinha ausente foi Carlinhos da Cohab, que alegou estar uma dor de dente como motivo para não comparecer, embora já se conheça o seu relacionamento pouco amistoso com o secretário Marcelo Cumaru. Carlinhos chegou a ser chamado de "omisso" pelo diretor de Turismo, Natálio Arruda, por conta da sua não ida à Audiência Pública.

A crítica mais frequente observada na Audiência, sempre direcionada ao Secretário de Desenvolvimento Econômico , Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Marcelo Cumaru diz respeito a uma fala do secretário, que teria garantido, nos dias que antecederam a transferência da feira, que a verba da cobertura da Central de Feiras estaria "na conta".

Um dos presentes, o Sr. Ivan, apresentou o que seria uma degravação da fala do secretário: "Esta feira vai sair e vai voltar. E digo mais: o prefeito assume toda a responsabilidade. O dinheiro existe. Está em uma conta. Eu posso passar pra vocês. Isto é uma coisa confidencial, mas eu posso mostrar onde está a conta, onde está o dinheiro. Já existe o dinheiro na conta, esperando construir a obra".

Por mais de uma vez, Marcelo Cumaru fez questão de frisar que a cobertura da Central de Feiras é uma obra do governo do Estado, e não da Prefeitura, o que levou o vereador Capilé a propor uma comissão, com parlamentares e feirantes, para tratar do assunto diretamente com o governo Raquel Lyra. Já o presidente da OAB, o Dr. Manoel Jordão, aproveitou o gancho para advertir à Prefeitura a não apresentar a obra, em sua futura inauguração, como um feito da gestão municipal.

Um outro momento relevante foi protagonizado pelo feirante Kessio, que comercializa queijo. Em sua fala, ele questionou o secretário Marcelo Cumaru pelo fato dos veículos que estão sendo usados desde a segunda-feira passada nas obras da Central de Feiras, serem de propriedade de um empresário de Santa Cruz do Capibaribe, e não da empresa vencedora da licitação, sugerindo ter havido uma armação da gestão municipal, ao divulgar o vídeo da retomadas das obras, apenas para esvaziar a Audiência Pública.

Autora do requerimento que deu origem à Audiência Pública, a vereadora Jéssyca Cavalcanti foi a última a falar. Na opinião da parlamentar, a arrogância e falta de diálogo da gestão municipal foram os principais motivos para se chegar à atual situação.

A vereadora anunciou os seguintes encaminhamentos para o enfrentamento da questão: formação de uma comissão especial para o acompanhamento das obras, mobilização dos feirantes para a criação de uma associação dos mesmos, estabelecimento de um canal de informações entre Prefeitura e Câmara, com base na Lei de Informações, e formação de uma comissão mista de vereadores e feirantes para dialogar com o governo Estadual.