Extrema esquerda vence na França, mas sem maioria no parlamento
- Jason Lagos
- 8 de jul. de 2024
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A extrema esquerda elegeu o maior número de deputados, mas sem conquistar a maioria para comandar a Assembleia Nacional — e automaticamente ter um primeiro-ministro. O segundo turno para o Poder Legislativo francês ocorreu neste domingo, 7.
Das 577 cadeiras da Assembleia, a coalizão Nova Frente Popular (NFP), de extrema esquerda, vai ter 182 representantes. Quantidade distante da maioria absoluta — 50% mais um —, que é 289.
A NFP não existia no cenário político francês até o início do mês passado, quando o presidente Emmanuel Macron, da centro-esquerda, dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições. A decisão se deu depois da vitória da direita na disputa pelas cadeiras do país no Parlamento da União Europeia.
Com a possibilidade aberta para tentar conquistar o poder, partidos da extrema esquerda se juntaram e formaram a NFP. O bloco conta, por exemplo, com o movimento A França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon (foto).
Derrotado em três eleições presidenciais, Mélenchon militou durante décadas no Partido Socialista. Em 2008, criou o seu próprio partido.
Além do partido A França Insubmissa, legendas que defendem pautas da extrema esquerda compõem a NFP. A coalização juntou socialistas, comunistas e ecologistas.
Sem a maioria absoluta constituída, lideranças da NFP terão de negociar com a centro esquerda de Macron para a formação de governo. Na segunda posição geral na disputa pela Assembleia Nacional, o bloco Juntos, do presidente francês, conquistou 168 assentos.
Em discurso depois do encerramento da votação, Mélenchon cobrou publicamente Macron. Ele deseja que o presidente nomeie um representante da extrema esquerda para o cargo de primeiro-ministro. Ainda não há, entretanto, definição sobre isso.
Mesmo ficando na terceira colocação das bancadas, a RN obteve a maior fatia dos votos neste domingo: 32%, segundo os resultados oficiais, 5,4 pontos acima da NFP e quase 9 à frente do Juntos de Macron.
No primeiro turno, a RN havia sido, em termos percentuais, o partido mais votado, conseguindo, com seus aliados conservadores, 33% dos votos.
Após o primeiro turno, para impedir que a RN formasse maioria absoluta, o centro macronista e a esquerda da NFP retiraram da disputa mais de duas centenas de candidaturas que concorriam entre si com a direita em disputas triangulares (que tinham mais de dois candidatos no segundo turno).
A estratégia visava concentrar em uma só candidatura os votos dos eleitores que não queriam ver a RN no comando da Assembleia.
No total, a NFP retirou mais de 130 candidaturas. A coligação de Macron, mais de 80. A tática se mostrou eficaz.
Créditos: Revista Oeste




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