Ex-comandante do Exército rejeita versão da PF, desmonta acusação da PGR e irrita Alexandre de Moraes
- Jason Lagos
- 20 de mai.
- 3 min de leitura

Em depoimento à Primeira Turma há pouco, o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, apresentou uma versão bem diferente daquela que consta do relatório de indiciamento da Polícia Federal e na denúncia da Procuradoria Geral da República.
O militar negou ter dado “voz de prisão” a Jair Bolsonaro, disse que “houve um equívoco na interpretação da imprensa sobre o episódio” e que nem deu muita bola para a tal “minuta” de aplicação da GLO.
“A mídia até disse que eu dei voz de prisão ao presidente, e isso não aconteceu”, declarou, explicando que tal reação teria implicações jurídicas claras.
Segundo ele, o documento era “um apanhado de considerandos com base na Constituição, com aspectos jurídicos, por isso, não nos chamou atenção”. “Muito vazio”, disse.
Freire Gomes também esclareceu que nunca identificou Filipe Martins como o assessor que lhe mostrou o documento, pois antes do noticiário não o conhecia. O general ainda negou que tenha identificado Anderson Torres como o autor da minuta.
“Não sei quem é o autor”, afirmou. “Talvez ele (Bolsonaro) tenha nos apresentado (o documento) por questão de consideração. Ele estava apenas dando conhecimento de que estava iniciando esses estudos. Ao longo desse processo nós tivemos diversas reuniões, e essas hipóteses estavam sendo aperfeiçoadas, e o presidente conversando conosco, apenas comentou sobre esse estudo.”
Diante das declarações, Alexandre de Moraes partiu para cima da testemunha, acusando Freire Gomes de mentir e que lhe daria uma segunda chance. “Ou o senhor falseou a verdade na polícia, ou está falseando a verdade aqui”, afirmou, enfático.
“Antes de responder, pense bem. A testemunha não pode deixar de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia. Não pode agora no STF dizer que não sabia.”
Freire Gomes não se intimidou e respondeu a Moraes que, em 50 anos de Exército, jamais mentira.
A defesa do Freire Gomes pediu, então, para que os trechos do depoimento à PF fossem expostos, irritando ainda mais o relator. “Eu não posso acreditar que o senhor não conversou com o seu cliente antes sobre o que ele falou no depoimento na PF”, bradou ao advogado.
Segundo a PF, Freire Gomes teria dito que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria concordado com a proposta de ruptura democrática supostamente apresentada pelo ex-presidente.
Por fim, o general negou veementemente que Bolsonaro o tenha pressionando a apoiar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem.
Luiz Fux foi o único a se interessar em questionar a testemunha. Os demais colegas de Moraes na Primeira Turma permaneceram em silêncio enquanto o ex-comandante do Exército desmontava, uma por uma, as afirmações reproduzidas pela PF em seu relatório.
Freire Gomes negou a versão sobre Bolsonaro, negou a versão sobre Filipe Martins e ainda negou a versão sobre Anderson Torres. Não restou nada do relatório da PF, nem da denúncia da PGR, que embarcou no relatório da PF sem ouvir a testemunha nem confirmar os supostos fatos ali narrados.
Com a repercussão negativa do depoimento de Freire Gomes, talvez Moraes resolva proibir de vez o acesso da imprensa à sala da Primeira Turma, onde repórteres trabalharam ontem sob a marcação cerrada de policiais. Alguns, tiveram seus pertences revirados, barrinhas de cerais tomadas, e até obrigados a desbloquear seus celulares para verificação dos agentes, orientados a expulsar quem violasse a regra imposta pelo ministro-relator.
Créditos: portal Cláudio Dantas




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