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Ex-assessor de Alexandre de Moraes diz que ministro fraudou investigação contra empresários

  • Foto do escritor: Jason Lagos
    Jason Lagos
  • 3 de set.
  • 3 min de leitura

Eduardo Tagliaferro foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE
Eduardo Tagliaferro foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE

Ex-assessor de Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Eduardo Tagliaferro disse nesta 3ª feira (2), em sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado, que o ministro cometeu uma “fraude processual gravíssima” ao investigar 8 empresários apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições de 2022.


Tagliaferro sugeriu que Moraes vazou a um veículo de imprensa, o portal Metrópoles, mensagens privadas de um grupo de WhatsApp dos empresários. Em seguida, usou a reportagem, assinada pelo jornalista Guilherme Amado, para ordenar buscas e apreensões contra eles. Por fim, ao enfrentar críticas públicas, incluiu novas justificativas ao documento que embasou as buscas, mas depois que já tinham sido feitas.


Tagliaferro falou aos senadores por videoconferência no mesmo dia em que o STF (Supremo Tribunal Federal) deu início ao julgamento de Bolsonaro sob a acusação de tentar dar um golpe de Estado depois de perder as eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Moraes é relator do processo criminal sob análise da Corte. O ministro comandou o TSE de agosto de 2022 a maio de 2024.


Em 17 de agosto de 2022, durante a campanha em que Bolsonaro tentava a reeleição, o portal Metrópoles, com sede em Brasília, publicou uma reportagem que mostrava mensagens trocadas por empresários bolsonaristas. Um deles dizia preferir “um golpe do que a volta do PT”. Outro reagiu com uma figurinha com um “joinha”.


Um terceiro empresário dizia que “o golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo [Bolsonaro], [em] 2019; teríamos ganhado outros 10 anos a mais”. A ideia de que as urnas poderiam ser fraudadas era compartilhada por vários participantes do grupo privado.


Em seu depoimento aos senadores da Comissão de Segurança Pública, o ex-assessor do TSE sugeriu que as mensagens privadas estavam, originalmente, em posse do gabinete de Moraes no TSE. Disse também que, primeiro, tentou repassar as imagens das mensagens de WhatsApp para uma emissora de notícias, que nunca deu reposta positiva sobre se iria ou não fazer uma reportagem a respeito. Depois, enviou os arquivos para o portal Metrópoles, que se prontificou a publicar os dados.


Em 19 de agosto de 2022, Moraes determinou que a Polícia Federal realizasse buscas e apreensões nos endereços dos empresários. O ministro também determinou o bloqueio das contas bancárias; o bloqueio de contas nas redes sociais; a tomada de depoimentos dos empresários e a quebra de sigilo bancário de todos eles.


No dia 23 de agosto, a Polícia Federal realizou as buscas vasculhando os endereços dos empresários e apreendendo computadores. Os 8 empresários passaram a ser investigados como possíveis integrantes de um “núcleo financeiro” de apoio a atos antidemocráticos.


A investigação estava sob sigilo, portanto não se sabia exatamente no que Moraes havia embasado sua ordem. Logo surgiram críticas na mídia tradicional, de que o ministro havia se baseado apenas na reportagem publicada pelo site com as mensagens privadas –que Tagliaferro sugere terem sido vazadas pelo próprio gabinete de Moraes.


Sob pressão, Moraes retirou o sigilo do caso em 29 de agosto de 2022. Nos documentos que foram tornados públicos, havia mais do que a reportagem. E é aí que o ex-assessor do TSE afirma que o ministro cometeu uma “fraude processual gravíssima”.


Tagliaferro disse aos senadores que aquele material tornado público por Moraes não tinha sido produzido para embasar as buscas e apreensões determinadas no dia 19 de agosto e cumpridas no dia 23 de agosto. Segundo o ex-assessor, havia sido produzido por ele mesmo nos dias que antecederam a retirada do sigilo judicial da investigação: nos dias 26, 27 e 28 de agosto.


Tagliaferro mostrou arquivos que provariam a data da produção do material. Ele afirmou que produziu, por exemplo, organogramas com os empresários. A orientação foi dada, segundo o ex-assessor do TSE, diretamente pelo juiz auxiliar Airton Vieira, que é próximo de Moraes e atuava junto com o ministro.


O ex-assessor do TSE está atualmente na Itália. Em 22 de agosto de 2025, ele foi denunciado pela Procuradoria Geral da República, acusado de violação de sigilo funcional, obstrução de investigação criminal, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.


Mensagens divulgadas por Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, ajudaram embasar o caso que passou a ser chamado de Vaza Toga, que questiona a imparcialidade da atuação de Moraes em inquéritos contra apoiadores de Bolsonaro.



Créditos: Poder360

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