Brasil descarta retaliação a tarifa dos EUA e busca interlocutor ideal de Trump para negociar
- Jason Lagos
- 16 de jul.
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a empresários, durante reunião nesta terça-feira (15), em Brasília, que não pretende aplicar a Lei de Reciprocidade em resposta ao tarifaço dos Estados Unidos, mesmo que as negociações bilaterais não avancem até o início de agosto — quando entra em vigor a nova alíquota de 50% sobre produtos brasileiros.
Passadas as primeiras consultas ao setor privado, o governo federal corre contra o tempo em busca do interlocutor ideal para endereçar a negociação, na tentativa de que o presidente Donald Trump reveja o tarifaço.
Oficialmente, o encaminhamento será feito ao Representante Comercial dos Estados Unidos, mas o próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera as negociações no Brasil, afirmou que essa é uma das maiores dificuldades atualmente para resolver o problema.
Segundo um dos presentes na reunião com os empresários, Alckmin foi transparente ao dizer que a interlocução com a Casa Branca é difícil. Na segunda-feira, ele já havia revelado, por exemplo, que a proposta brasileira de negociação sobre o tarifaço de 10%, aplicado em abril contra o Brasil, foi enviada no dia 16 de maio e nunca obteve resposta.
Além disso, empresários relataram que a dinâmica do governo Trump dificulta ainda mais esse processo, pois tudo é centralizado na Casa Branca e as comunicações são, preferencialmente, informais, não seguindo a cartilha clássica da diplomacia e das negociações comerciais.
A leitura dos empresários é de que o governo brasileiro falhou, desde que Trump assumiu, ao superestimar a capacidade de interlocução tradicional e não estabelecer pontes de diálogo com um dirigente como Trump, por acreditar que as vias formais resolveriam a situação quando surgisse um problema.
Nesta terça-feira (15), o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista, criticou a política externa do atual governo, e indicou que a aproximação do Brasil com países considerados autoritários estaria afetando as relações com os Estados Unidos.
“O Trump está sendo bastante claro: quem negocia com ditadura não tem espaço conosco. Vai ser taxado, e ponto final", declarou.
Para o ex-presidente, a resolução do impasse não virá de um governo Estadual, mas de uma articulação nacional.
“A solução não vai ser feita pelo Tarcísio, para um estado. Vai ser resolvida pelo Brasil. E o cara nessa negociação se chama Eduardo Nantes Bolsonaro. Liga para mim que eu converso com o Eduardo, ele está dentro da Casa Branca, do Capitólio", afirmou.
O governo dos Estados Unidos abriu nesta 3ª feira (15) uma investigação comercial contra o Brasil. A apuração, conduzida pelo USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), vai analisar medidas adotadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que possam “prejudicar” empresas de tecnologia norte-americanas.
A investigação foi determinada pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano). O governo dos EUA afirma que o Brasil estaria retaliando big techs por não “censurarem” conteúdos políticos e impondo restrições à atuação de empresas dos EUA no setor digital e de pagamentos.
Créditos: CNN Brasil e Poder360




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