Bolsonaro associa anistia à "paz econômica" e Planalto diz preparar resposta para tarifas de Trump
- Jason Lagos
- 14 de jul.
- 2 min de leitura

O anúncio da imposição de uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, a partir de 1º de agosto, como divulgado pelo presidente estadunidense Donald Trump, continua como um ponto de tensão no cenário político.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo nome foi citado por Trump na carta que detalhava as taxas, afirmou não se alegrar com as sanções econômicas, mas sugeriu que a aprovação de uma anistia para casos judiciais poderia ser o caminho para a “paz para a economia”.
Em contrapartida, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido a soberania nacional e sinalizou que pretende reagir caso as taxas sejam de fato aplicadas. O próprio presidente Lula chegou a afirmar que o país não se sujeitará a ser “tutelado” e que reagirá se as taxas forem efetivadas.
O governo planeja editar, até a próxima terça-feira (15), um decreto que regulamenta a lei da reciprocidade. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o governo entende que “a taxação é inadequada e não se justifica”.
As tarifas foram justificadas por Trump com base nos processos judiciais que o ex-presidente Bolsonaro responde no Brasil, além de decisões judiciais brasileiras contra grandes empresas de tecnologia americanas.
Nas redes sociais, Bolsonaro avaliou a decisão de Trump, afirmando que ela “tem muito mais, ou quase tudo a ver com valores e liberdade, do que com economia”. Apesar de não se alegrar com as sanções, o ex-presidente indicou que a solução para a questão estaria nas mãos das autoridades brasileiras.
“O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”, escreveu.
Aliados de Bolsonaro têm defendido uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, que poderia beneficiar o próprio ex-presidente, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por acusações de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa.
O senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente disse entender que a pauta da anistia poderia levar Donald Trump a reconsiderar o “tarifaço”, chegando a mencionar uma “troca” da anistia pelo fim da taxa de 50%.
O presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), Pedro Lupion (PP-PR), disse na 6ª (11) que a taxação dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos é culpa do governo Lula e, por isso, negociar a redução nas taxas de exportação com os EUA é essencial e não pode ser um “assunto ignorado” pela diplomacia brasileira.
Lupion defende que o governo brasileiro trate do componente político da decisão, mencionado na carta de Trump. “Essa motivação mais política, mais ideológica em relação ao Brasil, precisa alguém sentar na mesa e conversar”, disse.
Lupion afirma que o uso da Lei da Reciprocidade teria pouca efetividade em relação ao tarifaço anunciado por Donald Trump. Criada com apoio da própria FPA para responder às barreiras europeias, a medida seria “uma gota no oceano”, diz ele.
Créditos: G1, Poder360 e Diário do Nordeste




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